Exposição Drummond: fala, fala, fala – Prefeito reúne escritores para bate-papo “drummondiano”
Entre histórias, lembranças e boas risadas, o bate-papo promovido pelo prefeito Ronaldo Magalhães, no final da tarde de hoje (18), em seu gabinete, reuniu os escritores e jornalistas Edmílson Caminha e Humberto Werneck, além do curador da exposição e neto de Carlos Drummond de Andrade (CDA), Pedro Augusto Graña Drummond, para também anunciar alguns detalhes do evento de amanhã.
Uma coincidência, segundo Edmílson Caminha, é o início da exposição acontecer no dia de nascimento de Dolores Dutra de Moraes, esposa do Poeta Maior. “É muito bonito que essa exposição se abra no dia do aniversário de Dona Dolores”, ressaltou o jornalista, que revelou ainda, uma homenagem preparada em memória de Carlos Manuel Graña Drummond, irmão mais velho de Pedro Augusto. “Então, a primeira homenagem que se prestará em memória a Carlos Manuel será em Itabira, com a abertura da exposição. Ele, que encheu de vida e alegria a existência da família Graña Drummond e eu sou testemunha disso, de como os netos foram e são importantes quando se fala em Carlos Drummond de Andrade, em Dolores, em Maria Julieta, Manolo”. Para Edmílson Caminha, são esses detalhes que tornam a exposição ainda mais especial. “Tudo isso engrandece o evento de amanhã. Tudo isso o faz ainda maior e ainda mais belo”.
Durante o encontro, Ronaldo Magalhães destacou as ações para resgatar a obra e vida de CDA entre os itabiranos. “Eu entendo, como prefeito, mas acima de tudo itabirano, que nós temos sempre que resgatar, relembrar Drummond para Itabira”. O prefeito ressaltou anos de trabalhos realizados pelo Governo Municipal. “Lembro que em 2001 a gente buscou isso. Dr. Jackson fez um trabalho, a gente manteve aquilo e demos sequência. Fiz questão disso. Fizemos a Fazenda do Pontal, que ficou esquecida 30 anos, a Vale desmanchou e nós construímos. A casa que Drummond passou parte de sua infância, nós também resgatamos, ela estava em decadência e agora vai passar por outra reforma”. Ronaldo Magalhães afirmou ainda, a retomada do trabalho para preservar o Poeta Maior na cidade. “Estamos novamente valorizando muito isso, a cultura de Itabira e, principalmente, Carlos Drummond de Andrade. A raiz dele está aqui. Vários poemas dele que lemos têm Itabira”, concluiu.
Por todos os anos de trabalhos desenvolvidos para eternizar a memória de Drummond em Itabira, Edmílson Caminha disse acreditar que o lançamento da exposição confirma os esforços da administração pública. “Este evento que ocorrerá amanhã, não acontece por acaso. Porque nós estamos apenas colhendo os frutos do que tem sido plantado em Itabira. Eu já disse várias vezes e repito que sua volta (do prefeito Ronaldo Magalhães) à Prefeitura de Itabira inaugurou uma nova era na história da cidade”, afirmou. Justificando isso, o jornalista fez questão de descrever a percepção que tem da relação dos itabiranos com a cultura. “Porque vejo pessoas que estão tratando a cultura com paixão e eu só acredito no que é feito com paixão. Então, o senhor como prefeito, a vice-prefeita e Marta Mousinho à frente da Fundação (Carlos Drummond de Andrade) estão fazendo o papel que deve ser cumprido em uma cidade como Itabira, que é valorizar a cultura e fazer com que essa vocação cultural se torne cada vez mais verdadeira e efetiva”.
Outra novidade anunciada nesta tarde, foi a produção da biografia de CDA pelo escritor e jornalista Humberto Werneck. O biógrafo revelou também, a expectativa de terminar a obra ainda este ano. “Só espero estar a altura desse personagem que me caiu no colo, que é maravilhoso. E eu gostaria que o resultado disso fosse capaz de comunicar às pessoas, não como uma lição, mas como exemplo vivo um pouco do que é Drummond pra mim. Espero entregá-la ao editor (da Companhia das Letras) até o final do ano”. Ainda segundo ele, “eu sinto Drummond como um cara sentado ao meio-fio do meu lado, na medida em que o Drummond me socorre na minha vida pessoal. Quando me vem um verso de Drummond, em geral ressuscitado não por uma necessidade de cavucar a literatura, mas de compreender uma situação”, explicou o escritor.
Mas, a lição mais importante registrada no bate-papo de hoje e, com grande urgência de ser repassada é a verdade de Edmílson Caminha. “Então Drummond era este homem voltado para Itabira, espiritualmente e emocionalmente. Quando se questiona a possível distância de Drummond com relação a Itabira, sempre digo assim: eu acredito que não haja cidade no mundo que tenha sido mais homenageada por um grande poeta do que Itabira. São três livros*, Memória, Menino antigo e Esquecer para lembrar”.
*Boitempo I – (In) Memória (1968), Boitempo II – Menino antigo (1973) e Boitempo III – Esquecer para lembrar (1979).