Usiminas lucra e contrata, mas dívida ainda assombra siderúrgica
Depois de um longo e nebuloso período, a Usiminas registrou lucro de R$ 175,7 milhões no segundo trimestre de 2017, o primeiro resultado positivo para o período desde 2014. A geração de caixa da companhia (Ebtida) alcançou R$ 749,9 milhões. O número foi influenciado pela injeção de R$ 205,1 milhões recebidos pela Mineração Usiminas (Musa) em julho, após um acordo firmado com a Porto Sudeste. Mesmo sem considerar este valor, a Usiminas alcançou, no intervalo, Ebtida ajustado de R$ 550,8 milhões, o maior em 13 trimestres.
Todo o bom desempenho, no entanto, pode ser anulado caso os bancos japoneses não aceitem o acordo de renegociação de bonds, proposto pela siderúrgica. Eles têm até 31 de agosto para se posicionar.
O presidente da Usiminas, Sérgio Leite, afirma que a companhia atravessou três momentos marcantes. “Em 2015, os resultados se deterioraram. Em 2016, a segunda fase, o foco era eliminar o risco de a empresa entrar em recuperação judicial ou, até mesmo, de falir. Para isso, a principal ação foi reforçar o caixa com R$ 1 bilhão e renegociar a dívida. Em maio de 2106, começou a terceira fase, com foco principal na geração de resultados”, diz.
O desempenho apresentado no segundo trimestre seria resultado do empenho da empresa na terceira fase. Entre abril e junho deste ano, foi registrada escalada de 9,3% da receita líquida da Usiminas, subindo de R$ 2,4 bilhões no trimestre anterior para R$ 2,6 bilhões. Os números refletem aumento nas vendas e nos preços.
Para o futuro
O aumento nas vendas e as projeções para o futuro fizeram com que a empresa investisse no religamento do alto-forno 1 da companhia, em Ipatinga, no Vale do Aço. O religamento vai garantir elevação de algo entre 500 mil toneladas e 600 mil toneladas à produção anual de ferro-gusa da Usiminas. O montante representa aumento de 20% na produção.
Vagas de emprego
O alto-forno estará pronto para operar em abril do ano que vem. Pelo menos 400 postos de trabalho temporário serão gerados durante as obras. Outros 120 serão criados para operar o monumental equipamento quando ele voltar a funcionar.
Quatrocentas vagas também serão abertas na reativação da Mina Leste, em Itatiaiuçu, região Central de Minas Gerais. A intenção é exportar ainda neste ano para o oriente.
Dívida
Em setembro do ano passado a Usiminas negociou dívida de R$ 6,950 bilhões com bancos nacionais e japoneses. Parte da negociação dizia respeito a títulos internacionais, conhecidos com bonds, que representavam 8% do débito da companhia, o equivalente a US$ 400 milhões. A intenção era pagar 50% dos títulos em janeiro e 50% por meio de Oferta de Permuta.
“Este ano, nós analisamos as condições de mercado e percebemos que era melhor, ao invés de renegociar 50% dos bonds, resgatarmos todos no vencimento. Fizemos essa proposta aos brasileiros e recebemos apoio deles e do BNDES, que representam 70% da dívida. Os japoneses pediram mais tempo para dar a resposta”, afirma.
Se os bancos estrangeiros não aceitarem a proposta de pagamento antecipado dos bonds, o acordo de renegociação da dívida vai por água abaixo e será necessário quitar o débito, de quase R$ 7 bilhões, de imediato. Como a companhia não tem caixa, a negativa poderia representar a quebra da Usiminas. “Se os japoneses não concordarem, pelo acordo essa dívida é cobrada imediatamente. Não tem caixa. A nossa expectativa é a de que os japoneses concordem com a nossa proposta”, pondera o presidente.