Credores decidem futuro da Elmo Calçados
Uma assembleia geral, no dia 20 de setembro, decidirá o futuro da tradicional Elmo Calçados. Com uma dívida estimada em R$ 46 milhões, foi apresentado um plano de recuperação judicial que precisa ser aprovado pelos credores nessa reunião. Do contrário, a empresa poderá requerer falência. A assembleia será realizada no Hotel Ouro Minas, com transmissão on -line e via aplicativo.
A administradora judicial do processo, a advogada Maria Celeste Morais Guimarães, destaca que é importante a presença dos credores, principalmente dos micro e pequenos empresários. “Se a empresa decretar falência, o processo é muito mais demorado e prejudicial a fornecedores deste porte”, alerta.
Há também alguns débitos trabalhistas, num total de pouco mais de R$ 180 mil, mas é importante a presença dos trabalhadores para o andamento da recuperação judicial. Tanto no caso dos empregados quanto no dos microempresários a presença mínima na assembleia é de metade mais um. Há também grandes credores, cuja presença é proporcional ao débito.
Pela proposta apresentada, débitos trabalhistas com valores até cinco salários mínimos (cerca de R$ 4.600) serão pagos em até 30 dias. Mas somente se os débitos forem relativos a três meses antes do pedido de recuperação. Acima deste valor, o débito poderá ser quitado até um ano após o acordo.
Com relação às dívidas junto a fornecedores, o acordo prevê um período de 36 meses de carência com parcelamento em 120 vezes para microempresas e 180 vezes para os demais credores. Há previsão, também, de uma correção monetária pela TR – taxa referencial.
“Por isso a presença dos interessados na assembleia é tão importante”, reforça a advogada responsável pela administração judicial. “É o espaço para a negociação, no qual credores podem diminuir o prazo para parcelamento e outras contrapropostas”, afirma.
Crise econômica
A Elmo Calçados tem atualmente 53 lojas – 36 em Minas e 17 no Espírito Santo. São 1.173 empregos diretos e 550 indiretos, de acordo com números que fazem parte do processo.
Fundada em 1959 pelo espanhol Ignácio Ballesteros, a Elmo chegou a abrir oito novas lojas nos últimos cinco anos. Mas de acordo com o alegado pelos advogados da empresa na petição inicial, “a forte retração da economia refletiu significativamente no faturamento da empresa”. Segundo o documento, a Elmo registrou um aumento de despesas da ordem de 78% para uma queda de 16% no faturamento entre 2010 e 2015.
Há também débitos tributários que não foram divulgados nem fazem parte deste processo de recuperação. A dívida a ser negociada envolve dezenas de pequenos e médios fornecedores, mas uma grande fabricante, a Beira Rio, do Rio Grande doSul, tem mais de R$ 9 milhões a receber.
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