POLÍTICA

Marun diz que ainda não há decisão sobre votação da reforma da Previdência

O vice-líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Carlos Marun (PMDB-MS), disse hoje (14) que ainda não há decisão sobre o adiamento da votação da reforma da Previdência para fevereiro. O futuro ministro da Secretaria de Governo ressaltou que o agendamento é prerrogativa da presidência da Câmara.

Marun, no entanto, reconheceu que é muito difícil colocar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) em debate no Congresso perto do recesso parlamentar. “Não é comum que se aprove uma PEC tão polêmica na semana antes do recesso, nós sabemos das dificuldades para isso, mas entendo que avaliaremos e será tomada a decisão pelo presidente [da Câmara] da Rodrigo [Maia]”. 

Marun lembrou que a próxima semana é esvaziada, “onde normalmente o quórum é menos robusto. Claro que faríamos ou faremos um grande esforço para que estejam presentes na Casa o número suficiente de deputados que têm a disposição de colocar em votação essa reforma, que é tão importante”.

O deputado disse que a base aliada ainda faz avaliações e que a declaração dada quarta-feira (13) pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá, é “episódio ultrapassado”. “Hoje é vida que segue, as decisões que serão tomadas pelo presidente Rodrigo Maia tenho certeza que não serão balizadas pela fala do nosso líder Romero Jucá, que continua sendo uma peça importante nesse processo”.

O vice-líder ressaltou que não jogou a toalha e que acredita que ainda é possível avaliar a possibilidade de votar a reforma na próxima semana. “Eu volto a destacar que não existe decisão tomada nesse sentido [para votar em fevereiro] e que ainda penso ser possível uma votação na semana que vem. Uma eventual votação em fevereiro é tida por muitos como mais difícil do que agora. Eu estive refletindo sobre isso, que talvez não seja assim. Talvez a proximidade dos parlamentares com suas bases torne mais viável a aprovação”, disse.

Havia a expectativa de que o relatório da reforma da Previdência seria lido hoje de manhã pelo relator Arthur Maia (PPS-BA). No entanto, a sessão deliberativa convocada para esta quinta-feira foi aberta pontualmente às 9h e o relator não apareceu no plenário. Ele está reunido com o presidente da Câmara na residência oficial.

A leitura do relatório formaliza a inclusão da PEC na pauta do plenário e permite que seja iniciada a etapa de debate.

Oposição

Do lado de fora do plenário, um grupo de auditores-fiscais protestaram no salão verde contra a reforma da Previdência. Enquanto parlamentares falavam com a imprensa, os manifestantes gritavam para os deputados “se votar, não volta”.

O grupo argumenta que a proposta mantém “injustiças” do texto original enviado ao Congresso Nacional. Eles também contestam a nova estratégia do governo de destacar os servidores públicos como detentores de privilégios.

“O governo pegou os servidores como bode expiatório para tentar aprovar essa aberração. Mas essa proposta não tem apoio e não será aprovada”, disse Walto Edson de Arruda, presidente do Sindifisco Nacional.

Integrantes dos partidos oposicionistas também declaram que a reforma da Previdência não tem mais chances de ser aprovada. “Fizeram todo o possível, jogaram todas as fichas para tentar votar esse fim de ano e não conseguiram. Não existe apoio no plenário, não existem votos suficientes para fazer a aprovação da reforma”, disse o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP).

O deputado disse ainda que não acredita que o texto atual da reforma seja aprovado nem mesmo em fevereiro. “Para colocar em votação em fevereiro, o governo vai ter que fazer muita negociação para atrair parte de sua própria base que se opõe [á reforma]. O PMDB anunciou fechamento de questão e tem mais de 20 deputados que já falaram que não votam, nem com questão fechada. No PSDB a mesma coisa. Fez um fechamento de questão com uma parte da bancada rebelada. Para que esse quadro mude daqui para fevereiro, o governo tem que fazer uma outra proposta”, disse.

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