Afastada da mídia, Rita Lee volta à TV em entrevista com Bial
Na segunda entrevista do novo programa de Pedro Bial, o talk show “Conversa com Bial”, a cantora Rita Lee, que há algum tempo estava afastada da mídia, foi a entrevistada e tornou a atração um pouco mais irreverente. O programa foi ao ar na noite dessa quarta-feira (3) na Globo.
A presença de Rita Lee no sofá do novo talk-show de Pedro Bial, na Globo, fez o lado fã do apresentador aflorar sem receios. Ele mostrou sua admiração pela cantora ao longo de todo o programa.
Veja um trecho da entrevista:
E, se na entrevista de estreia com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, na terça (2), Bial parecia ainda pisar em ovos na sua função de apresentador de talk-show, com Rita Lee a ‘conversa’ foi mais equilibrada nesse jogo de pergunta e resposta proposto pelo formato. Além de conhecer Rita há muitos anos, Bial tinha passagens importantes da autobiografia da cantora, lançada recentemente, na ponta da língua, após, como ele mesmo revelou, ler e reler o livro.
De um lado, Cármen Lúcia surpreendeu ao se mostrar uma entrevistada bem-humorada. De outro, Rita Lee reforçou sua irreverência. Assim como na escrita, ela é sagaz e divertida na fala.
Declaradamente aposentada dos palcos, a reclusa artista não dá mais entrevistas para a imprensa pessoalmente há tempos: só por e-mail, e isso em ocasiões especiais, como na época do lançamento de sua biografia.
Bial e Rita não entraram no mérito Mutantes e sua saída da banda, entre outros pontos polêmicos, mas a cantora revelou detalhes de seu atual pacato cotidiano. “Hoje quais são suas atitudes rock?”, perguntou Bial. “Cuidar da horta (risos). Temos tomatinhos-cereja, alface, couve, rabanete”, respondeu ela. Roberto de Carvalho, seu marido, é quem cuida das plantas e ela, dos bichos. Ele é o cozinheiro da casa e ela, a faxineira.
Todo o dia, Rita diz que compõe um pouco, a lápis com borracha na ponta, e, no estúdio que tem em casa, grava as demos. Não descarta a possibilidade de lançar um disco com essas demos. Ouve música instrumental, de clássico a jazz. “Não tenho muito saco para discursinho mais”, enfatiza.
Rita falou ainda sobre sua autobiografia, que vendeu mais de 200 mil exemplares. “Peguei meu iPadizinho, e lá escrevia, acordava, escrevia alguma coisa. ‘Como era mesmo quando eu era criança, aquela vizinha?’. Ficava puxando da memória. Eu me lembro muito mais de coisas de criança do que depois. Mas nunca pensei em lançar”, disse. “Comecei escrevendo meu querido diário, aí foi indo, fui pegando gosto de começar a lembrar de coisas gostosas. Vou começar pela infância, e comecei a pescar coisas lá e foi tão bom, porque exorcizei dramas, gargalhei das besteiras que fiz na vida, revivi tudo e foi bom.”
Assim como no livro, Rita conversou com Bial sobre drogas – e contou que está ‘limpa’ há 11 anos, desde que a neta nasceu – e sobre a violência sexual que sofreu na infância – ela foi estuprada com uma chave de fenda por um homem que foi consertar a máquina de costura da mãe. “Eu fiquei 65 anos com essa imagem, uma sombra, uma coisa pesada na minha vida. Aí comecei a escrever e exorcizou, sabe? Parece que colocar em palavras a coisa ficou leve. Eu não lembro de ter sofrido dor física, foi uma chave de fenda que o cara enfiou. Minha mãe me encontrou assim, com a chave de fenda, olhando aquele sangue. Quando vi minha mãe chorando que abri o berreiro também. Foi pesadíssimo.”(Agência Estado)