André Viana é reeleito com larga vantagem para representar os trabalhadores no Conselho de Administração da Vale
Com 7.777 votos (54,3% dos votos válidos), em um universo de 14.320 votantes, André Viana Madeira, presidente do Sindicato Metabase de Itabira e Região, foi reeleito como titular para o Conselho de Administração (CA) da Vale.
O suplente, também sindicalista, Wagner Xavier, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Vale no Espírito Santo e em Minas Gerais (Sindfer ES/MG), também foi reeleito. Juntos, eles darão continuidade à representação dos trabalhadores no biênio 2025-2027.
A votação obtida pela chapa União das Categorias foi ainda mais expressiva no complexo minerador de Itabira, base territorial do Sindicato Metabase de Itabira e Região: 1.913 votos (89,8%) entre 2.152 votantes.
O processo eleitoral teve início na segunda-feira (10) e terminou na quinta-feira (13), em clima democrático e participativo, com urnas instaladas em todas as unidades da empresa no país, com 13 chapas inscritas.
A expressiva votação deste ano supera em número de votos o resultado obtido Viana e Xavier na eleição de 2022, quando a dupla obteve 6.697 votos (48,8%) em um colégio eleitoral que contou com 13.682 votantes em todo o Brasil.
“Dessa vez tivemos um resultado ainda mais expressivo, fruto de uma ampla negociação, buscando apoios em todas as áreas da Vale, o que demonstra que a nossa atuação como representantes dos empregados foi positiva e assim deve continuar”, destaca André Viana.
A vantagem ainda maior neste ano, segundo ele, é resultado de um amplo entendimento articulado em nível nacional, com participação dos sindicatos representativos dos trabalhadores, numa demonstração inédita de unidade sindical na disputa desde a criação do conselho, em 2005.
Ganhos importantes para os trabalhadores
Para André Viana, o resultado é decorrente também, e sobretudo, de uma atuação ativa em nome dos empregados no Conselho de Administração da mineradora.
“Pautamos pautas importantes para o avanço das conquistas trabalhistas em todo o país, mas sem esquecer das pautas específicas dos municípios onde a Vale tem suas operações, com as suas demandas específicas, como é o caso de Itabira, berço da empresa, que já se prepara para a exaustão mineral, prevista para 2041”, acentua o sindicalista.
Foi também, diz, resultado de conquistas específicas, como a vitória obtida junto à 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 3ª Região, que confirmou decisão de primeira instância, em ação movida pelo Sindicato Metabase de Itabira e Região, favorável aos trabalhadores em áreas de Zona de Autossalvamento (ZAS).
Por estarem expostos a riscos elevados nessas áreas, esses trabalhadores passaram a ter direito à aposentadoria especial em 25 anos, podendo obter a retificação do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), documento essencial para comprovar o trabalho em condição especial perante o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
“É imprescindível para que esses trabalhadores possam obter o direito à aposentadoria especial com 25 anos de trabalho”, acrescenta André Viana, lembrando que o reconhecimento do trabalho especial é importante também por incorporar o adicional de periculosidade nas áreas de barragem.
Outras pautas que André Viana e Wagner Xavier irão dar continuidade são o apoio às negociações trabalhistas que acontecem em todo o território nacional, já com pré-negociações visando a renovação dos Acordos Trabalhistas Específicos, mas também pelos avanços obtidos com conquistas gerais.
A vitória dos sindicalistas é também resultado da participação nos comitês executivos da empresa, obtendo ganhos previdenciários significativos, assim como o aumento das complementações da Valia, que é o instituto de previdência privada dos trabalhadores, aposentados e viúvas de ex-empregados da Vale.
Os sindicalistas têm também insistidos na discussão de políticas habitacionais para os empregados. “A expectativa é de atendimento dessa reivindicação pela Vale, com o retorno dessa política de subsídio à aquisição da casa própria, uma necessidade, sobretudo, dos jovens trabalhadores do Norte do país”, afirma André Viana.
Sucessão na Vale
André Viana teve papel de destaque também no processo de escolha do novo CEO da empresa em um momento de turbulência, que resultou na escolha do ex-vice-presidente executivo de Finanças e Relações com os Investidores, Gustavo Pimenta, eleito por unanimidade pelo Conselho de Administração da Vale, em 27 de agosto do ano passado, para suceder o ex-presidente Eduardo Bartolomeo.
A costura desse amplo acordo que resultou na votação unânime, agradando governo e acionistas, teve participação ativa de André Viana, conforme registrou a Folha de S.Paulo:
“A solução interna (como de fato ocorreu) era defendida por alguns conselheiros, como o representante dos trabalhadores, André Viana, que ajudou a costurar um acordo, em articulações com outros conselheiros e agentes externos, como o governo.”
Mineração sustentável e de resultados
Outro ponto importante da representação dos trabalhadores no CA da Vale, renovada agora com o resultado da eleição deste ano, tem sido o firme posicionamento frente à necessidade de se abrir debates sobre o fechamento de minas e o uso futuro de áreas mineradas.
Esse debate com encaminhamento de soluções estruturantes e duradoras é considerado crucial para a manutenção de empregos e a diversificação econômica dos municípios minerados, assegurando a sustentabilidade futura.
Essa pauta é especialmente importante para Itabira, berço da mineradora, cujo horizonte de exaustão mineral está previsto para 2041, conforme o relatório Form-20 de 2023, arquivado junto à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos em 18 de abril do ano passado.
“Essa discussão é importante dentro do novo modelo de mineração que esperamos construir com a Vale, que leve em conta o lucro dos acionistas, mas também a participação nos resultados dos trabalhadores, assim como o legado da mineração para o futuro sustentável dos municípios minerados, o que não deve ficar restrito ao pagamento de dividendos, salários, impostos e royalties”, acentua o sindicalista.
Esse novo modelo, segundo Viana, deve levar em consideração tecnologias inovadoras que visam minimizar os impactos ambientais e maximizar a eficiência, incrementando o que já vem ocorrendo na empresa com o implemento de fontes de energia limpa para reduzir a pegada de carbono das operações de mineração.
Passa também pelos sistemas avançados, já em curso na Vale, de recuperação e reutilização de água para minimizar o consumo e a poluição de recursos hídricos.
Investimentos
Outro aspecto importante nesse novo modelo são os investimentos em restauração ambiental de ecossistemas nas áreas mineradas, além do reaproveitamento dos resíduos das próprias frentes de lavras, como os rejeitos de minério atualmente depositados em barragens.
“Estamos reivindicando da Vale, por exemplo, a instalação de uma fábrica de briquetes, também chamada de minério verde, um aglomerado de minério de ferro que reduz em até 10% as emissões de gases de efeito estufa no alto-forno”, diz André Viana.
A primeira fábrica de briquetes da mineradora foi inaugurada em dezembro de 2023 em Vitória (ES). “É um projeto que nasceu após mais de 20 anos de pesquisa e muita dedicação por parte dos trabalhadores da Vale e terceiros, um trunfo espetacular para o avanço do novo modelo de mineração sustentável”, considera André Viana.
Outra pauta importante que André Viana tem apoiado e reivindicado para os municípios minerados, é a instalação de fábricas de tijolos e outros artefatos a partir do rejeito não reaproveitável de minério, a exemplo do investimento que a mineradora anunciou para a instalação da maior planta do mundo de argila ativada, visando a produção de cimento a partir de rejeitos na mina de Carajás, no Pará.
“A partir dessa planta piloto, esperamos que a Vale invista em novas unidades, principalmente nos territórios onde existem barragens de rejeitos e com horizonte de exaustão mineral mais curto, como é o caso de Itabira e de outros municípios minerados no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais”, relaciona o sindicalista como parte da pauta de reivindicações que vai dar continuidade junto ao CA da mineradora.
Segundo a Vale, o projeto da fábrica de cimento no Pará está em fase avançada, com a contratação da Thyssenkrupp Polysius para elaborar a engenharia do empreendimento. O contrato foi firmado por meio da Circlua, subsidiária criada pela Vale em 2022 para a produção de cimento de baixo carbono.
De acordo com o sindicalista, tudo isso reflete o momento histórico em que a mineração se reinventa, principalmente após os graves acidentes trabalhista e ambiental ocorridos em Mariana e Brumadinho, visando a segurança e também a descarbonização das siderúrgicas e da própria atividade mineradora. “Esperamos contribuir com a nossa experiência e convívio com os trabalhadores para o avanço desse novo modelo de mineração”, afirma o sindicalista.
Importância da representação sindical
A representação dos trabalhadores no CA da Vale é uma conquista significativa do movimento sindical, implementada após a Constituição de 1988. A Vale começou a eleger representantes dos trabalhadores para seu conselho em 2005, garantindo que as vozes dos trabalhadores fossem ouvidas nas decisões estratégicas da empresa.
Essa participação trouxe diversas vantagens, como voz ativa nas decisões estratégicas, aumento da transparência e equilíbrio entre os interesses dos acionistas e dos trabalhadores.
A representação dos trabalhadores serve como ponte de comunicação entre a direção da empresa e os empregados, com os representantes participando ativamente nas reuniões do conselho.
Além disso, auxilia na fiscalização das práticas da empresa, zelando pelo cumprimento das leis trabalhistas e da boa prática de governança baseada no tripé que leva em conta os bons resultados para os acionistas, meio ambiente e sociedade.