Bêbado atropela três, é perseguido por populares, após ser preso faz xixi dentro da viatura da PM
Um dia depois da nova legislação de trânsito entrar em vigor, com penas mais duras para quem dirigir bêbado e causar acidentes com mortes ou lesão corporal, um motorista embriagado, de 26 anos, bateu em carros estacionados e atropelou três pessoas na avenida Raja Gabaglia, no bairro Santa Lúcia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ele ainda fugiu sem prestar socorro, foi perseguido por testemunhas e só parou no Anel Rodoviário, no bairro Olhos D’Água, na região do Barreiro, onde foi preso em flagrante pela Polícia Militar (PM).
A soldado Juliana Dias, do 5º Batalhão da PM, explica que a corporação foi acionada nesta sexta-feira (20) por volta de 4h para atender a uma ocorrência de um atropelamento envolvendo um Citroën C4 Pallas de cor prata na Raja Gabaglia. No caminho, os policiais receberam a informação de que o suspeito já tinha ido embora e estava no Anel Rodoviário. Chegando lá, o carro de Gordiano estava parado às margens da via, perto de um radar, bastante danificado e sem um dos pneus. O motorista era agarrado pelas testemunhas que o seguiram.
“As testemunhas disseram que estavam em um forró na Raja Rabaglia e presenciaram um colega ser atropelado pelo suspeito no C4 Pallas. Elas foram atrás dele e o alcançaram no Anel. Acreditamos que o motorista só parou porque o veículo estava com a parte da frente toda destruída, com danos generalizados. As testemunhas seguraram ele até a gente chegar”, conta Juliana.
De acordo com a PM, Gordiano se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas apresentou diversos sinais de embriaguez como fala desconexa, andar cambaleante, olhos vermelhos e odor etílico. Além disso, os militares encontraram dentro do carro uma garrafa de whisky praticamente vazia. Para piorar a situação, a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) dele estava vencida desde o ano passado. “Ele não resistiu à prisão, mas também não alegou nada sobre o caso”, disse a soldado.
Ao ser levado algemado para a sede da 126ª Cia. da PM, no bairro Estoril, na região Oeste da capital, Gordiano ainda fez xixi dentro da viatura, mas pediu desculpas aos policiais. Segundo a corporação, o motorista embrigado disse que estava em um bar na madrugada de ontem, mas não deu qualquer explicação sobre a batida nos carros estacionados e o atropelamento. Após o registro do boletim de ocorrência, ele foi encaminhado para a Delegacia do Detran no fim da manhã.
A Lei Federal 3.546 que entrou em vigor na última quinta-feira não dá mais o direito de pagamento de fiança ao motorista alcoolizado que provocar acidente com morte ou lesão corporal. O condutor condenado por homicídio culposo – sem intenção de matar – pode pegar de cinco a oito anos de prisão. A pena anterior era de dois a quatro anos de reclusão.
Já no caso de acidentes com vítima de lesão corporal grave ou gravíssima, a penalidade passa de detenção de seis meses a dois anos para prisão de dois a cinco anos. Em ambos os casos, o início da pena deverá ocorrer em regime fechado.
O TEMPO aguarda um posicionamento da Polícia Civil para saber a situação de Felipe Robson Gordiano e por qual crime ele deve responder. Na sede da 126ª Cia. da PM, ele foi questionado sobre o caso pela reportagem, mas não quis dar entrevista.
Conforme a PM, uma das três vítimas do atropelamento recusou atendimento médico, pois teve apenas um corte na perna. As outras duas pessoas foram socorridas por outras testemunhas que estavam no local do acidente na Raja Gabaglia. A corporação desconhece o estado de saúde delas. As identidades dos atropelados não foram informadas pela polícia até o momento.
O TEMPO