ECONOMIA

Consumidores poderão escolher tarifa da conta de luz

A medida vale, inicialmente, para quem consome mais de 500 KWh. É preciso analisar hábitos para decidir qual tarifa escolher

Após  aumentos históricos na conta de luz, registrados nos últimos anos em decorrência das alterações na regulamentação do sistema elétrico e da falta de chuvas, o consumidor terá, finalmente, a chance de pagar menos pela energia utilizada. Entra em vigor, em janeiro do ano que vem, a chamada Tarifa Branca. 

A ideia é que a tarifa seja reduzida em alguns horários, e fique mais cara em outros. Cabe ao cliente da distribuidora decidir se vai aderir ao modelo ou não. 

Na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), por exemplo, o quilowatt-hora (KWh) fica 20% mais barato nos horários chamados de fora de ponta, quando o uso da energia é menos intenso. 
Por outro lado, no horários de ponta, de 17h às 20h, a tarifa é 94% mais alta. Nos sábados, domingos e feriados, a tarifa fica estacionada no patamar mais baixo. 

Atualmente, os consumidores pagam uma tarifa apenas, independentemente do horário do uso: R$ 0,49 por KWh. Com a mudança, o consumidor poderá economizar. Mas, se usar muita eletricidade no horário de ponta, precisará desembolsar mais do que antes.

Além dos horários de ponta e fora de ponta, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou a criação de um horário intermediário. Ele vigorará das 16h às 17h e das 20h às 21h, uma hora antes e uma hora depois do período mais caro. No caso da Cemig, a tarifa nesse intervalo é 25% mais cara.

Conforme explica a presidente da Associação de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolci, o cliente deve fazer uma análise minuciosa do perfil dos moradores da residência antes de decidir pela troca. “Se as pessoas que moram naquela casa trabalham ou estudam a noite e não consomem energia quando a eletricidade está mais cara, por exemplo, a Tarifa Branca valerá para elas. Porém, se são muitas pessoas na casa e o horário de uso da energia é variado, fica difícil saber se será vantajoso ou não. O ideal é avaliar antes de aderir”, afirma. 

O analista de Comercialização de Energia da Cemig, Luciano José de Oliveira, explica que dificilmente algum consumidor conseguirá anular o consumo de energia durante o horário de ponta. “Tem sempre alguma luz acessa nos eletrodomésticos, ou uma geladeira ligada”, afirma. Ele ressalta, ainda, que a alteração será possível, inicialmente, para quem consome mais de 500 KWh. A título de comparação, uma família com dois filhos gasta, em média, 250 KWh. Para as novas ligações também será possível optar pela Tarifa Branca.

Os demais, no entanto, terão que esperar. Para aqueles que consomem entre 250 KWh e 500 KWh, será possível fazer a adesão a partir de janeiro de 2019. Para quem gasta menos de 250 KWh, o prazo começa em janeiro de 2020.

Benefícios

Não haverá custo para o cliente que quiser aderir à Tarifa Branca. A distribuidora vai arcar com a compra e a troca do novo medidor, que precisará ser instalado na residência do consumidor. 

Conforme afirma o analista de Comercialização da Cemig, Luciano José de Oliveira, a diferenciação do valor da tarifa em determinados intervalos do dia também será benéfica para as distribuidoras. O motivo é simples. Quando os consumidores concentram o uso da energia em um determinado horário há uma sobrecarga da rede. Para que ela comporte tanta gente conectada, são necessários investimentos vultosos. 

Por outro lado, se as pessoas utilizarem a eletricidade em horários alternados, haverá redução do impacto na rede. “Nós temos uma rede elétrica dimensionada para o montante médio. Essa concentração no horário de pico é um problema para o sistema elétrico”, afirma o representante da Cemig. 

Ele explica que a diferenciação da tarifa de energia em relação ao horário já funciona para as grandes indústrias. “É uma extensão do que acontece no mercado industrial”, dia.

Tarifa Branca

Na prática
Conforme a Aneel, os aparelhos elétricos que mais contribuem com o consumo de energia no período de ponta são o chuveiro elétrico e os equipamentos de condicionamento ambiental, como ar-condicionado e aquecedores. 
Por apresentarem um elevado consumo em comparação com os demais equipamentos, a possibilidade de utilizá-los nos períodos fora de ponta será fundamental para definir se a adesão à Tarifa Branca pode ser vantajosa para o consumidor.

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