SAÚDE

Estudo mostra que incômodo na lombar é tratado de forma incorreta

 

Nem medicamentos nem repouso. A dor lombar, segunda que mais acomete brasileiros, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, é tratada de forma errada. Pelo menos essa é a conclusão de um recente estudo publicado na revista científica “The Lancet”, do Reino Unido.

O levantamento, que reuniu 33 especialistas de referência na área fisioterápica, mostrou que o extremo desconforto de pacientes incomodados com uma dor, que pode ser apenas reflexo de má postura e sedentarismo, teria direcionado profissionais aos equívocos.

“Quase a totalidade dos casos de dor nessa região é ocasionada por sintomas de ações corriqueiras do dia a dia e, principalmente, de uma vida sedentária”, detalha o fisioterapeuta Rodrigo Moura, do Centro de Reabilitação e Condicionamento Físico FortaleSer.

O profissional explica que a área participa de quase todos os movimentos realizados pelo corpo e que, com o passar do tempo, um desgaste natural pode aparecer. “Mesmo em casos em que exames de imagem detectem esse desgaste, não há alarme para desespero. É algo que acontece e que deve ser tratado como sintoma, não patologia”, diz.

Tratamentos
Entre os procedimentos realizados de forma errônea pelos profissionais que tratam a lombalgia está a recomendação de medicamentos injetáveis, cirurgia e repouso. 

Além de não auxiliar na melhora do problema, esses itens também estariam agravando a situação dos pacientes, de acordo com o estudo divulgado.

A privação dos movimentos durante algum período, por exemplo, piora a dor, que volta ainda mais intensa quando acaba o descanso. Quem já sofreu com o incômodo, concorda.

“Mais do que não conseguir resolver o problema com todos esses procedimentos, temos a frustração de algo que nunca se resolve. Imagina você tratando uma dor que sempre volta?”, questiona a contadora Cristiane Tolentino, de 40 anos, que sente dores na região já há alguns anos.

Solução
Para resolver o problema, nos casos mais comuns da doença, bastam exercícios físicos de fortalecimento dos músculos. Segundo o educador físico, Leandro Barros, membro da Associação Brasileira dos Profissionais de Educação Física e Esporte (Abrapefe), em até seis semanas o problema é amenizado e, com uma rotina de exercícios e adoção de hábitos mais saudáveis, a dor some completamente.

“São movimentos que ajudam na sustentação da coluna e garantem uma região lombar mais preparada”, detalha o profissional. Ainda segundo Barros, não há uma necessidade de buscar por uma modalidade em específico. “Qualquer atividade que garanta a melhoria do condicionamento físico ajuda”, explica.

O alerta, conforme o especialista, é apenas para os exercícios sem acompanhamento. Como a região já está com desgaste e sobrecarga, pesos excessivos ou com movimentos errados podem ocasionar mais dor.

Fique atento
Como o desgaste é natural, já que a área é muito demandada durante os anos, o aumento da expectativa de vida pode influenciar diretamente na ampliação de casos de dor na região lombar.

Essa também é uma constatação do estudo, que revela a importância de mudar a visão das pessoas sobre a doença e incentivar a população para que tenha hábitos mais saudáveis, já que a lombalgia também é associada ao tabagismo, sedentarismo e obesidade.

Pessoas com problemas de depressão ou que convivem com alto nível de estresse também fazem parte do público-alvo que pode ser afetado com os sintomas. 

Por isso, levar formas de movimentação para o ambiente de trabalho é uma das sugestões dadas pelos profissionais que participaram da pesquisa para que, pelo menos dentro das empresas, as pessoas sejam mais ativas.

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