Fiocruz destaca eficácia do canabidiol, derivado da maconha para fins medicinais
Cada vez mais pesquisas atestam o potencial terapêutico dos canabinoides – entre eles o canabidiol, substância derivada da maconha para fins medicinais. A comprovação dos diferentes níveis de evidência é destacada em uma nota técnica do Programa Institucional de Políticas de Drogas, Direitos Humanos e Saúde Mental da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada semana passada.
Os responsáveis pelo documento destacam que algumas pesquisas são conclusivas em apontar a segurança e a eficácia dos canabinoides na redução de sintomas e melhora do quadro de saúde para dor crônica, espasticidade (distúrbio motor caracterizado pelo aumento do tônus muscular), transtornos neuropsiquiátricos e náusea, vômito e perda do apetite ligados ao tratamento com quimioterapia.
Além de detalhar evidências e referências técnicas, a nota da Fiocruz reforça a necessidade de se avançar no desenvolvimento de pesquisas no Brasil, com a realização de estudos clínicos de diferentes condições, na capacitação de médicos e outros profissionais de saúde sobre o uso terapêutico da cannabis e derivados.
“Isso permitirá que possam prescrever e tratar com mais confiança e conhecimento e também na regulação dos produtos para que sejam produzidos nacionalmente e distribuídos de forma segura e eficaz”, destaca a Fiocruz.
Para os pesquisadores, é indispensável assegurar uma regulamentação que viabilize a produção, prescrição e o acesso gratuito e universal pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às formas farmacêuticas da cannabis e derivados.
O objetivo do documento publicada é oferecer subsídios técnicos para as instituições responsáveis pela legislação, regulamentação, pesquisa, produção, padronização, distribuição e uso da Cannabis e derivados para fins terapêuticos no Brasil e para a sociedade em geral.
Venda nas farmácias
No mês passado, pesquisa do Portal Cannabis & Saúde mostrou o crescimento de 342,3% nas vendas de produtos à base de cannabis nas farmácias do Brasil desde 2018. Além disso, o número de médicos que prescrevem produtos à base de canabidiol para compra em farmácia passou de 6,3 mil em 2021 para 15,4 mil no ano passado, aumento de 146%.
Dentre todas as especialidades médicas que prescrevem canabidiol, neurologistas são 33%; psiquiatras, 26%; geriatras, 8%; pediatras, 7%; clínicos gerais, 5% e ortopedistas, 3%.
Para o clínico geral com certificação internacional em Medicina Endocanabinoide, Tércio Sousa, os números indicam a veracidade da informação de que a cannabis é hoje imprescindível na medicina.
“É um caminho sem volta. Os médicos que só tratam com alopatia muitas vezes não têm sucesso no tratamento e aí começam a perder o paciente para quem está usando a cannabis. A maior parte dos pacientes que hoje procura tratamento com cannabis são pessoas que já estão na luta contra, por exemplo, dor, espasmos e tremor de Parkinson já há muito tempo e não veem resultado”, disse Tércio, médico parceiro da Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi).
Além da aquisição dos produtos de cannabis no mercado nacional, é possível a importação excepcional somente para uso pessoal, mediante cadastro e aprovação prévia junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de prescrição médica, informou a agência reguladora.
As autorizações concedidas para importação de produtos à base de cannabis também aumentaram de 850, em 2015, para 153.671, em 2022. “Esclarecemos que pode haver mais de uma autorização emitida para o mesmo paciente ao longo de um ano, por exemplo”, afirmou a Anvisa.
Fonte: Hoje em Dia