Minas tem a 4ª maior geração de empregos, o que sinaliza reaquecimento do mercado
Minas Gerais foi o quarto estado brasileiro que mais ofereceu vagas de trabalho pelo Sistema Nacional de Empregos (Sine) em janeiro e fevereiro deste ano. Foram 11.197 postos. Apesar disso, também foi o único entre os cinco primeiros colocados no ranking que teve decréscimo na oferta de postos de trabalho em relação ao mesmo período de 2017, quando registrou 11.571 vagas (374 a mais que agora).
Os dados, divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, apontam também que foram oferecidos, ao todo no país, 178.631 mil novos postos de emprego nos dois primeiros meses do ano, um crescimento de 10,4% comparado ao mesmo período de 2017, quando foram disponibilizadas 161.794 vagas.
Ainda de acordo com o levantamento, São Paulo foi o dono do maior número de vagas disponibilizadas, com 44.881 (6.965 a mais que no mesmo período em 2017). Em segundo lugar no ranking nacional, veio o Paraná, com 31.508 vagas cadastradas no sistema, ante 28.506 nos dois primeiros meses de 2017, e, em terceiro, o Rio Grande do Sul, com 16.424 vagas, 1.413 a mais que em igual período no ano anterior.
Depois de Minas, o Rio de Janeiro aparece em quinto, com 9.060 vagas oferecidas. Em seguida na lista de estados com mais vagas disponibilizadas, estão Ceará (9.394), Bahia (7.744) e Mato Grosso (5.479).
Para o ministro interino do Trabalho, Helton Yomura, os dados seriam a comprovação de acertos do atual governo na economia. “Esse resultado é importante, demonstra que as mudanças políticas de governo estão impactando positivamente o mercado de trabalho. Mais confiante, a classe empresarial retoma os investimentos no país e volta a contratar. É um dado positivo para se comemorar”, afirmou.
Recuperação mineira
O subsecretário de Estado do Trabalho de Minas Gerais, Antônio Lambertucci, disse que os números divulgados ontem pelo Ministério – embora apontem que, em Minas, houve redução no número de vagas no Sine entre os dois primeiros meses deste anno em relação ao primeiro bimestre de 2017 –, confirmam tendência de melhora percebida em outros indicadores colhidos no Estado.
“O mercado de trabalho vem registrando ligeira recuperação em Minas Gerais, neste início de 2018”, afirmou.
Lambertucci lembrou que, em dezembro de 2017, os dados decepcionaram e o saldo entre demitidos e admitidos no Estado foi negativo: o total de dispensados superou em 39 mil o de contratados.
“Isso nos surpreendeu porque dezembro, geralmente, é mês de contratações em razão das festas de fim de ano”, ressaltou. Em janeiro, no entanto, o saldo voltou a ser positivo, com 8 mil admitidos a mais que os demitidos.
“Na nossa avaliação, isso se deveu à recuperação registrada sobretudo na indústria da transformação, com reflexos, por exemplo, em toda a cadeia do setor de veículos, e em outros segmentos, como o comércio”, destacou.
Lambertucci afirmou, porém, que considera prematuro dizer que o ano será positivo para o emprego no Estado. “A geração de empregos depende mais da economia geral do país que de ações do governo estadual. Por esse e por outros motivos, ainda é muito cedo e não temos elementos suficientes para fazer um prognóstico para o restante do ano”, afirmou.
O clima, porém, é de confiança em dias melhores para os trabalhadores mineiros. “Podemos dizer que o resultado dos dois primeiros meses do ano nos deixa ao menos otimistas”, concluiu.
IBGE
O total de desempregados no país, em razão da recessão dos últimos anos, continua alto: de novembro de 2017 a janeiro deste ano, o país contava 12,7 milhões de pessoas sem ocupação formal, segundo o IBGE.
A taxa foi a mesma do trimestre anterior e menor que a registrada no mesmo trimestre do ano passado (12,6%). Ainda segundo o IBGE, na comparação com o mesmo período de 2017, havia 200 mil pessoas a menos sem emprego no país, uma queda de 1,55%.
Diante do quadro de decréscimo nos números do emprego em dezembro, quando Minas registrou 39 mil demitidos a mais do que contratados, os dados de janeiro e fevereiro apontam cenário mais positivo para 2018
Oportunidade no programa Jovem Aprendiz anima estudante
Se as estatísticas sinalizam melhoria na oferta de vagas de emprego em todo o Brasil, em Belo Horizonte os estudantes Pedro Magalhães, 19 anos e Débora Cristine, 16, já sentiram os primeiros efeitos. Os dois estavam na fila, na tarde de ontem, na Unidade de Atendimento Integrado (UAI), na Praça Sete, para tirarem a primeira Carteira de Trabalho, já de olho numa colocação no mercado de trabalho.
No local também funciona um dos postos mais movimentados do Sistema Nacional de Emprego (Sine), onde se busca recolocação ou se dá entrada na documentação que dá direito a a receber as parcelas do Seguro Desemprego.
Depois de uma procura de pelo menos três meses, Débora Caroline vai ainda passar por um processo de seleção antes da provável contratação. Deverá fazer parte do programa Jovem Aprendiz, mas espera que a carreira profissional deslanche de agora em diante.
“Um primo me avisou das vagas e para isso estou tirando minha carteira. Vai dar tudo certo”, afirmou a estudante que cursa o 2º ano do ensino médio e mora no bairro Riacho. A vaga é para uma empresa de tecnologia que funciona na região do Barreiro, próximo de onde mora.
Já o estudante Pedro Magalhães cursa o primeiro período de Educação Física e vislumbra a possibilidade de trabalhar com eventos, convidado por uma amiga. Como nova função vai exigir a formalização, ele correu ao posto para providenciar os documentos necessários.
“É minha primeira carteira de trabalho. Antes eu só estudava e nunca trabalhei nem mesmo informalmente”, conta, também sonhando com novas oportunidades. “Ainda faltam quatro anos para eu me formar, mas está começando bem”, entusiasmou-se Pedro que mora no bairro Castelo.
Na fila
Menos sorte teve Gabriel Vieira de Carvalho, de 23 anos. Sem um emprego formal há pelo menos cinco anos ele também correu ao posto da Praça Sete, em busca de uma vaga de auxiliar de produção que vira em um anúncio.
Enquanto aguardava ser chamado, disse que voltou a batalhar mais por uma vaga desde o início do ano. Enquanto o “emprego fichado” não vem, ele faz “bicos” como ajudante de pedreiro” em Mateus Leme, onde mora, na Região Metropolitana, ou no bairro Vista Alegre, onde tem parentes.
Depois de ser chamado e atendido no guichê 11, retornou um tanto frustrado: “Não foi desta vez, mas a moça disse para eu voltar na semana que vem, pois ela acredita que vão ter novas vagas”, resumiu. “Venha de manhã”, ouviu da atendente. (Colaborou Heraldo Leite)
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