Preços e condições irresistíveis escondem armadilhas nas compras on-line
Preço baixo é bom e todo mundo gosta, mas é preciso ter cuidado quando promoções fantásticas surgem como mágica na tela dos celulares e se insinuam com preços irresistíveis nas redes sociais. A oferta pode ser apenas um disfarce para atrair os consumidores menos precavidos. No linguajar da internet, é o golpe do “Falso Anúncio”. Essa é a armadilha que fez mais vítimas entre os internautas mineiros em 2022.
Considerando os registros de fraudes em Minas, 47% dos casos são do golpe do “Falso Anúncio”. Os dados são de levantamento realizado pela plataforma OLX em parceria com a consultoria AllowMe, que mapeou os principais golpes no Brasil no último ano. Minas registra 8% de todas as fraudes praticadas no país, ficando com a terceira posição nesse ranking nada positivo, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
O prejuízo estimado com os golpes aplicados em 2022, de acordo com o levantamento, foi de cerca de R$ 29 milhões no Estado. No Brasil, esse número chega a R$ 551 milhões.
De acordo com as empresas que fizeram a pesquisa, a dinâmica do golpe é simples e conhecida, mas continua fazendo vítimas. O fraudador insere o anúncio de um produto nas plataformas de compra e venda, com o objetivo de atrair as vítimas. Na maioria das vezes, o produto é 40% mais barato que o valor de mercado. Imaginando ser uma oferta real, a vítima faz o pagamento, mas não recebe o produto.
“Os fraudadores costumam ser extremamente organizados e estão a todo instante buscando fragilidades de sistemas e momentos de desatenção dos consumidores para aplicarem golpes e escalarem seus ganhos. Obviamente que cabe às empresas a proteção das transações e da identidade de seus clientes, porém é de extrema importância a conscientização dos usuários quanto às práticas fraudulentas hoje em curso, até mesmo para que se protejam delas”, afirma Diana Herrera, gerente de Growth do AllowMe, que coordenou o estudo.
Encontrar relatos de casos como esse não é difícil. Um deles é o de um engenheiro de Belo Horizonte, que chegou a fazer um depósito de R$ 1.000 para comprar um carro anunciado nas redes sociais antes de perceber que era um golpe. “Tudo parecia correto. Eles ainda pediram para que eu encaminhasse cópia dos meus documentos. Mas sumiram com o dinheiro e até hoje utilizam meus documentos para aplicar outros golpes”, lamenta.
Cuidados
Para se prevenir, os especialistas sugerem utilizar os serviços de compra garantida, oferecidos nas maiores plataformas de comércio on-line e, ao optar por negociar diretamente, só realize o pagamento após receber o produto. Desconfie de preços muito abaixo dos valores de mercado. Via de regra, se parece irresistível, resista; se parece inacreditável, não acredite.
O golpe que mais fez vítimas no Brasil foi a “Compra confirmada”. Este é também o segundo golpe que mais atraiu mineiros em 2022, com 45% das vítimas. Nessa fraude, o criminoso faz um falso comprovante de depósito com os dados da vítima e o envia por e-mail ou aplicativo de mensagem, fazendo a pessoa acreditar que o valor já foi depositado e entregue o produto da venda. Quando a vítima percebe o golpe, o fraudador já está com o produto e deixa de responder as mensagens.
Perfil das vítimas
A maioria dos mineiros que caíram em fraudes são homens (79%) e 68% das vítimas têm até 31 anos. “Aliar tecnologia com educação digital do usuário é a chave para ter um ambiente digital mais seguro. Os fraudadores atuam principalmente na falta de conhecimento dos usuários sobre os processos de compra e venda on-line para aplicar a engenharia social e enganá-los”, explica Beatriz Soares, diretora de Produto da OLX.
Padrão dos golpes
Em 2022, 70% das tentativas de fraude aconteceram em horário comercial, sendo a quinta-feira o dia da semana com maior incidência. A cada hora, foram mapeadas, em média, 17 tentativas de fraude.
Ainda segundo o levantamento, no último ano, 83% das transações foram realizadas via celulares – dessas, 1% foi identificada como tentativa de fraude. Já quando consideradas as transações realizadas pelos usuários por meio de computadores, isto é, 17% do volume total, as tentativas de fraude tiveram incidência três vezes maior, proporcionalmente, representando 3% delas.
Fonte: Hoje em Dia