ECONOMIAITABIRA E REGIÃO

Trabalhadores da Vale, representados pelo Metabase, dizem não ao aumento de jornada por seis meses

O sindicato Metabase Itabira realizou mais uma assembleia com os trabalhadores da empresa Vale S/A, desta vez, para apreciação da proposta que altera o turno de seis, para onze horas. Por causa da pandemia no país e seguindo todos os protocolos de segurança para evitar o contágio do novo Coronavírus, o sindicato promoveu a assembleia por etapas, ou seja, a assembleia iniciou-se na terça feira (18), finalizando na segunda-feira (24). De acordo com André Viana, presidente da entidade, foi uma assembleia diferente e única nos 75 anos de história da instituição: “Foi uma novidade, inclusive para nós da diretoria. Debruçamos por dias para chegarmos à conclusão que a melhor maneira de evitar qualquer tipo de contágio era a adoção deste sistema inédito de assembleia, ou seja, atendendo a todos os trabalhadores, em dias e horários definidos e mantendo-os dentro dos ônibus, sem que precisassem de se locomoverem.

Montamos toda a estrutura necessária para informar os trabalhadores a proposta da empresa, ainda na entrada das minas. A equipe de funcionários do Metabase também agiu com muito cuidado, acatou as medidas solicitadas pelos órgãos de saúde, inclusive a Organização Mundial de Saúde, não havendo nem problema. Enfim, o formato foi um sucesso”. O presidente também destacou a participação maciça dos trabalhadores: “Cerca de 90% dos trabalhadores aptos a votarem participaram, o que demonstrou o interesse destes guerreiros e guerreiras no tema proposto pela empresa e amplamente divulgado pelo sindicato. A participação deles no resultado da votação foi crucial para o que a assembleia fosse realizada.

O voto de cada trabalhador é soberano e isso que importa. Em alguns sites de nossa região a proposta foi aprovada sem consulta aos trabalhadores, ou seja, por um ato administrativo os sindicatos acataram a proposta da empresa. Aqui em Itabira foi totalmente inverso destas localidades, deixamos para os trabalhadores decidirem, chamando-os à responsabilidade de cada um”.

A VOTAÇÃO
Dos 1016 trabalhadores aptos a votar, 901 votaram durante os sete dias de assembleia. Trabalhadores do turno de seis horas votaram nas três minas (Cauê, Conceição e Periquito) que compõe o complexo minerário de Itabira. Além das urnas nas minas, houve uma para receber os votantes que estavam afastados, em home office ou por serem do grupo de risco na sede do sindicato Metabase Itabira. A proposta foi reprovada por 472 votantes ou seja 52,38 % e aprovada por 426, ou seja 47,28 %, 3 votos brancos e nulos, 0,03. Além de destacar a retirada da proposta dos operadores de equipamentos de mina (carga e transporte), André também destaca o “amplo trabalho do Metabase de “evangelização” e conscientização da categoria, iniciado em maio, há quatro meses e o respeito pelo estatuto do sindicato, exemplo disso, a realização da assembleia com voto secreto”. André completou: “Todas as pautas são decididas pelo trabalhador: PLR, acordos específicos e geral etc. Este importante tema não poderia ser diferente. Torno a insistir que a decisão dos trabalhadores é soberana, será respeitada e atendida pela direção do sindicato e pela empresa Vale”.

A PROPOSTA REJEITADA
A empresa ofereceu um adicional de acréscimo de jornada de 20%, que teria reflexos em PLR, 13º, férias e FGTS. Este adicional prevaleceria somente para os que trabalhassem no turno e enquanto estivessem nele. Se o turno acabasse, o adicional também acabaria. O acordo seria por um período de 6 meses. Findando este prazo, retornaria o turno das 6 horas e se empresa quisesse a continuidade deveria apresentar nova proposta, que seria apreciada em outra assembleia. O turno de 11h proposto era o fixo, num regime conhecido com 2×2, ou seja, 2 dias trabalhados seguidos por 2 dias de folga. O adicional noturno passaria de 45% para 65%.

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