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Volta ao trabalho nesta segunda-feira gera temores de “cibercaos” pelo mundo

Andrew Caballero-Reynolds/Divulgação

Autoridade policial da Grã-Bretanha teme que o número de vítimas siga crescendo quando trabalhadores de todo o mundo ligarem os seus computadores

 

O ciberataque que atinge mais de 150 países desde a sexta-feira alimenta temores de recrudescimento do vírus e um “cibercaos” nesta segunda-feira, assim que as pessoas voltarem para o trabalho e os computadores forem ligados.

“O último balanço chega a mais de 200 mil vítimas, principalmente empresas, em ao menos 150 países. Realizamos operações contra 200 ciberataques por ano, mas nunca havíamos visto algo assim”, declarou o diretor do serviço europeu de polícia Europol, Rob Wainwright, à rede britânica ITV. O ataque ocorreu de “forma indiscriminada” e “se propagou muito rapidamente”, acrescentou o diretor da Europol, que teme que o número de vítimas siga crescendo.

“A partir do momento em que a escala é tão grande, devemos nos perguntar se o objetivo é o cibercaos”, manifestou Laurent Heslault, diretor de estratégias de segurança na empresa de segurança informática Symantec.

Da Rússia à Espanha e do México ao Vietnã, milhares de computadores, sobretudo na Europa, estão infectados desde a sexta-feira pelo vírus “ransomware” (de ‘ransom’, resgate em inglês, e ‘ware’ por ‘software’), que explora uma falha nos sistemas operacionais do Windows divulgada nos documentos hackeados da agência de segurança nacional americana NSA.

O vírus bloqueia os documentos dos usuários e os hackers exigem que suas vítimas paguem uma quantia de dinheiro na moeda eletrônica bitcoin (difícil de rastrear) para que possam acessar novamente seus arquivos.

Segundo Ryan Kalember, vice-presidente sênior da Proofpoint, empresa de segurança virtual que ajudou a interromper o ataque, se aparecer uma variação do vírus sem o dispositivo conhecido como “kill switch”, as empresas estarão sozinhas para prevenir o domínio de seus computadores.

Poucos pagamentos
Rob Wainwright revelou que “houve muito poucos pagamentos até agora”, mas não passou valores. De acordo com a Symantec, até o meio-dia de sábado haviam sido registradas 81 transações no valor total de 28.600 dólares.

O ataque perturbou o funcionamento dos hospitais britânicos, das fábricas da Renault, da companhia americana FedEx, do sistema bancário russo ou de universidades de Grécia e Itália, entre outros.

A Europol estimou que nenhum país foi particularmente mais afetado. Insistiu ainda sobre a rapidez com a qual foi propagado o vírus “Wannacry”. “Começou atacando os hospitais britânicos antes de propagar-se rapidamente pelo planeta. Quando uma máquina está contaminada, o vírus escaneia a rede local e contamina todos os computadores vulneráveis”, explicou o porta-voz da Europol, Jan Op Gen Oorth.

O investigador britânico em cibersegurança que freou a propagação do vírus alertou, neste domingo, que os hackers podem voltar à ação mudando o código e que, neste caso, será impossível detê-los. Os computadores “não estarão seguros até que a correção seja instalada o mais rápido possível”, tuitou em sua conta @MalwareTechBlog.

Salvou o mundo

A Microsoft reativou uma atualização de determinadas versões de seus programas para enfrentar o ciberataque, que afeta especialmente o Windows XP. O novo sistema operacional Windows 10 não foi atacado.

O investigador, que deseja permanecer no anonimato, foi tratado como um herói que “salvou o mundo” pela imprensa britânica. O jornal Sunday Mail encontrou uma fotografia do jovem, que se dedica ao surfe em seu tempo livre e que vive na casa dos pais, no sul da Inglaterra.

A ministra britânica do Interior, Amber Rudd, advertiu em um artigo publicado no jornal Sunday Telegraph que é possível esperar outros ataques e destacou que “talvez nunca conheçamos a verdadeira identidade dos autores” do ataque desta sexta-feira.

“É muito difícil identificar e até mesmo localizar os autores do ataque. Realizamos um combate complicado frente a grupos de cibercriminalidade cada vez mais sofisticados que recorrem à criptografia para dissimular sua atividade. A ameaça é crescente”, ressaltou Rob Wainwright.

O serviço de saúde pública britânico (NHS), que conta com 1,7 milhão de funcionários, parece ter sido uma das principais vítimas e potencialmente é o caso mais preocupante devido ao risco para a saúde dos pacientes.

“A vulnerabilidade dos sistemas de saúde pública de vários países nos preocupa há tempos”, declarou o diretor da Europol. “Entretanto, vimos que poucos bancos foram afetados porque já aprenderam a lição”.

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