HPV: Confira 10 tira-dúvidas sobre a vacina disponível na rede pública
De acordo com o Ministério da Saúde, mais da metade da população brasileira de 16 a 25 anos está contaminada com Papilomavírus Humano, o HPV. A transmissão desse vírus de transmissão preferencialmente sexual – causador da doença sexualmente transmissível mais frequente no mundo – pode ser evitada com a aplicação de uma vacina disponível nos postos de saúde para todos pré-adolescentes.
Mesmo que a doença seja perigosa e principal causadora do câncer de colo do útero, ainda há muitas dúvidas entre os brasileiros sobre a importância da vacina e seus efeitos colaterais. Confira dez tira-dúvidas sobre o assunto:
1) A vacina é segura?
Sim. A vacina contra o HPV tem eficácia comprovada para proteger mulheres contra os principais tipos de HPV relacionados ao câncer de colo uterino (16 e 18). No caso da oferecida pelo governo às meninas, há a proteção adicional contra os principais tipos de HPV (6 e 11) relacionados com lesões condilomatosas. A vacina apresenta proteção de 98% contra o câncer do colo do útero e funciona melhor quando administrada antes de a pessoa ter qualquer contato com alguns tipos de papilomavírus humano. Deve-se destacar que mesmo os indivíduos que já iniciaram a vida sexual também podem receber a vacina, pois o contato com o vírus não gera resposta imune protetora, ao contrário da aplicação da vacina.
2) Como a vacina funciona?
O conhecimento sobre o funcionamento da vacina para o HPV está em construção. Porém, de um modo geral, pode- se dizer que a dose estimula a produção de anticorpos, proteínas produzidas pelo organismo para reagir contra um agente agressor. Quando ocorre o contato com o vírus, o organismo o reconhecerá, entrando em combate.
3) Quais os tipos?
Existem duas vacinas aprovadas e registradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): a Bivalente (contra os HPV 16 e 18) e a Quadrivalente (contra os 4 tipos de HPV: 6, 11, 16 e 18). A vacina Quadrivalente, apesar de gratuita apenas para meninas de 11 a 13 anos (e, futuramente, para todas as meninas de 9 a 13 anos), é recomendada para homens e mulheres de 9 a 26 anos. A vacina bivalente pode ser utilizada a partir dos 9 anos. Clínicas particulares também oferecem as vacinas para pessoas de qualquer faixa etária, por considerar que há benefícios para todos os pacientes. Há também a cobertura de outros tipos de HPV com o uso das vacinas por uma ação de similaridade.
4) Quantas doses devem ser tomadas?
O esquema vacinal é de três doses para completar a proteção. Com a bivalente, a segunda dose é aplicada depois de um mês da primeira e, a terceira, após cinco meses da segunda. Já na quadrivalente, a segunda fase acontece apenas dois meses após a primeira e a terceira, seis meses depois da inicial.
5) Quais são os efeitos colaterais?
Como acontece com a maioria das vacinas, as reações mais comuns são relacionadas ao local da injeção como dor e vermelhidão por exemplos. Em geral, esses sintomas são de leve intensidade e desaparecem no período de 24 a 48 horas. Há também a possibilidade de reações alérgicas para alguns pacientes.
6) Quem pode ser vacinado?
No início, restringia-se às pacientes entre 9 a 26 anos. Entretanto, os meninos passaram a ser vacinados e sabe-se do benefício mesmo em pacientes que já tiveram início da atividade sexual e possuem idade maior que 26 anos.
7) A mulher vacinada precisa continuar fazendo o exame de prevenção para o câncer do colo uterino?
Certamente sim. Independente da vacinação, deve-se continuar com o exame de prevenção rotineiramente. A recomendação é iniciar o exame de prevenção colpocitológico (papanicolau) após os 25 anos de idade ou 3 anos após o início da atividade sexual.
8) A vacina protege contra doenças sexualmente transmissíveis?
Não. É importante ressaltar que a vacina protege principalmente contra os tipos de HPV mais frequentemente associados ao câncer e, dependendo da vacina, possui cobertura aos principais tipos de HPV causadores de condilomas acuminados. Porém, não há proteção contra outras doenças que são sexualmente transmitidas e, muito menos, impede a gravidez.
9) A vacina tem contraindicação?
Sim. A vacina é contraindicada para gestantes e indivíduos com doenças agudas ou com hipersensibilidade aos componentes da vacina.
10) A vacina pode causar a infertilidade?
Este é um fato que também não foi comprovado. Há relatos de algumas adolescentes da Austrália, Japão e Inglaterra que apresentaram menopausa precoce e até mesmo infertilidade após terem tomado as doses da vacina. No entanto, não há comprovação que ela tenha causado esses problemas, nem que os tenha desencadeado. Muito provavelmente, as jovens já apresentariam esses quadros independente da vacinação.
Fonte: Dr. Renato de Oliveira, ginecologista responsável pela reprodução humana da Criogênesis